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Mudança nos Sistemas de Financiamento: a visão de investidores sociais e filantropos brasileiros

7 March 2023 | Catalyst 2030 News

5 Lessons from Brazil
Em 16 de dezembro de 2022, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e o Catalyst 2030 co-realizaram o terceiro encontro de uma série de conversas globais com investidores sociais e filantropos sobre o futuro dos sistemas de financiamento (ler sobre o primeiro salão e o segundo salão). Esta série reúne financiadores de um país ou região para partilhar o feedback específico sobre os dez princípios apresentados na Carta Urgente para mudanças nas práticas de financiamento.

A Carta, escrita pelos membros do Catalyst 2030, entre empreendedores sociais e membros de OSCs, obteve mais de 1.100 assinaturas de mais de 80 países e marca um apelo significativo do sector social para mudar as práticas de financiamento a nível mundial. Descreve dez apelos-chave para os financiadores considerarem nas suas práticas de atribuição de recursos, incluindo: conceder financiamento plurianual, financiamento sem restrições, investir no desenvolvimento organizacional, e criar relações transformadoras ao invés de transacionais. Leia a lista completa de princípios na carta aqui.

Este encontro reuniu filantropos brasileiros e organizações que praticam o investimento social privado para discutir como estes princípios poderiam funcionar na prática, e o impacto que teriam na Filantropia Brasileira e na sociedade civil. Agradecemos imensamente a todos os que participaram nesta discussão e que estão contribuindo para um diálogo aberto e inclusivo para melhorar a filantropia para todos.

Aqui estão cinco pontos-chave da conversa:

1. Reconhecer o impacto do contexto nacional e das suas restrições

Grantmakers, ou seja, organizações que aportam recursos a terceiros, em geral, têm diretrizes para a realização de seu investimento social privado. Se por um lado, essas regras contribuem para a transparência sobre a destinação dos recursos, por outro, limitam a capacidade de oferecerem financiamento sem restrições e de forma flexível. Este cenário limita a adoção deste princípio, dado que exigiria uma mudança de atitude e de paradigmas dos dois lados. Esta inflexibilidade também afeta a capacidade dos financiadores para apoiar a capacitação institucional ou a criação de redes, uma vez que as restrições regulamentares exigem que os financiadores-parceiros sigam os processos tradicionais de due diligence e acreditação.

2. Fomentar a colaboração em todo o sector

Embora esse desafio não seja exclusivo do Brasil, o grupo discutiu a necessidade de maior colaboração entre investidores sociais e atores da sociedade civil no país. Isso requer uma mudança de comportamento e mentalidade em todo o setor; afastar-se do trabalho isolado e intensificar a colaboração e parcerias entre financiadores, beneficiários e partes interessadas intersetoriais para alcançar mudanças sistêmicas.

3. Oferecer aos filantropos múltiplos pontos de acesso que reconheçam a variedade de sua maturidade

Abraçar estes dez princípios será uma jornada diferente para cada organização. É importante respeitar a diferença de maturidade entre os filantropos, as diferentes estratégias de investimento, e as diferentes regulamentações e disposições estatutárias e operacionais que podem ter impacto nesta jornada. O grupo sugeriu ter em conta os diferentes pontos de entrada de cada financiador e avaliá-los em conformidade, assegurando que a força e a evolução da resposta de um financiador é reconhecida a partir da individualidade de cada um deles.

4. Considerar outras ferramentas (tais como uma pontuação) para ajudar os financiadores a melhorar as suas práticas

É fundamental considerar quais os instrumentos e recursos que somos capazes de oferecer a fim de estimular investidores sociais a abraçarem estes princípios. Isto poderia incluir por exemplo, a criação de um sistema de classificação e auto avaliação para indicar o seu progresso no sentido de adotarem estes princípios. Desta forma, os financiadores não só obteriam uma classificação, mas também compreenderiam em que áreas podem melhorar. Devemos reconhecer o fato de que fazer uma doação vai além do seu valor social. Criar um ranking público no qual as empresas são reconhecidas pelas suas contribuições e por seu legado pode mobilizar outros financiadores para aderirem ao movimento, tornando estes princípios uma inovação para o ecossistema filantrópico no Brasil.

5. Reconhecer que esta caminhada pode levar tempo e que financiadores devem ser apoiados ao longo do caminho

A filantropia, como um setor, é relativamente recente no Brasil. É importante reconhecer este fato e o tempo necessário para trazer os financiadores nesta jornada de aprendizagens antes de serem capazes de adotar plenamente estes princípios. Por conseguinte, o grupo discutiu a importância de respeitar a caminhada de cada investidor social e de celebrar o progresso ao longo do caminho. Documentar este progresso e criar uma comunidade para a troca de boas práticas poderia contribuir para que financiadores, a longo prazo, mudem suas práticas e adotem os princípios sugeridos. Isto requer o estabelecimento de ecossistemas fortes de financiadores que possam colaborar entre si, partilhar conhecimentos e crescer como um setor.

Quais os próximos passos?

Esta iniciativa envolve encontros com filantropos e investidores sociais para coletar feedbacks sobre os princípios para as práticas de doação em diferentes países e contextos regionais. Nossa próxima parada nesta jornada é com financiadores na África. Fique ligado para ouvir as principais conclusões desta conversa.

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